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    Arménio Vieira, o primeiro escritor cabo-verdiano a vencer o prestigiado Prémio Camões

    Plateau, o pulsar da capital. Sr. Arménio Vieira: literatura, futebol e uma conversa inesquecível

    4 de dezembro de 2024

    O Plateau, o Centro Histórico da Praia, pulsa como o coração vibrante da capital cabo-verdiana. Com seus pontos históricos, monumentos culturais, museus, lojas, o mercado municipal e praças, o centro da cidade oferece um sem-fim de lugares para descobrir. No entanto, o que realmente me fascina são as pessoas. Nossa gente.

    O Plateau é onde tudo acontece: as atividades econômicas, sociais, financeiras, turísticas e culturais. É o ponto de encontro de pessoas de todos os cantos da ilha, e o fluxo constante de indivíduos pelas suas ruas cria um ritmo próprio. Esse movimento começa com o amanhecer e atinge seu auge entre 11h00 e 13h30. Após esse pico, o centro começa a esvaziar-se lentamente, e à noite, a cidade parece adormecer, como uma cidade fantasma.

    Voltando a introdução feita no primeiro parágrafo, para mim, sim, o que mais encanta são, sem dúvida, as pessoas. E hoje, quero falar de uma pessoa, um dos poucos que ainda reside no Plateau — "riba Praia", como é conhecido pelos moradores dos bairros periféricos da cidade.

    Arménio Vieira
    Na semana passada, num dos meus passeios pelo Plateau que tomei "ousadia" para me aproximar do Sr. Arménio Vieira. Ele estava sentado sozinho numa mesa de esplanada de um café, com um cigarro entre os dedos e um telemóvel a frente. Ele parecia imerso no que escrevia, provavelmente esboçando ideias para sua próxima obra. Ao invés de um simples “oi, gosto das suas obras”, como eu pretendia, a conversa tomou rumos inesperados.

    Sr. Arménio, um dos maiores nomes da literatura cabo-verdiana e o primeiro escritor do país a vencer o prestigiado Prémio Camões (em 2009), o maior prêmio literário da Lusofonia, acolheu-me com uma simpatia rara. Falamos por mais de 45 minutos sobre sua inspiração, os autores que o marcaram, como Kafka, Gabriel García Márquez, e até o nosso “profeta” Nhu Nachu.

    Em determinado momento, mencionei que sou irmão de um ex-jogador da Seleção Cabo-verdiana de Futebol, que fez parte da primeira seleção nacional de sempre do país. Para minha surpresa, Sr. Arménio, aos 84 anos, demonstrou um conhecimento impressionante sobre o futebol, mencionando desde as estrelas globais como Messi e Cristiano Ronaldo até os valores astronômicos do mercado desportivo mundial.

    Se não tivesse um compromisso, tenho certeza de que nossa conversa poderia ter continuado por horas. Ouvir suas palavras foi uma experiência que ficará marcada.

    Sr. Arménio Vieira, muito obrigado pela sua simpatia e pelas histórias compartilhadas.

    crónica de Décio Barros