O ano de 2024 foi marcante para a dupla de irmãos Titio di Belo e Kamoka, que conquistaram grande destaque no cenário musical. Com uma agenda lotada, os artistas participaram de quase todos os principais festivais de música em Cabo Verde e realizaram shows em Portugal, França, Suíça e Luxemburgo. Além disso, a música “Ami é de Mundo” foi premiada como Funaná do Ano nos Cabo Verde Music Awards (CVMA). Para encerrar o ano em grande estilo, estão confirmados em dois eventos importantes: um na cidade da Praia e outro em Paris.
Lançada há um ano, “Ami é de Mundo” já ultrapassou 3,7 milhões de visualizações no YouTube e tornou-se presença obrigatória nas playlists dos shows. A canção é tão popular que o público frequentemente pede para ouvi-la novamente, às vezes até três vezes na mesma apresentação. Titio di Belo, toca gaita e vocalista, e Kamoka, violonista e também vocalista, têm levado o ritmo quente do funaná para públicos cada vez maiores.
Entre Cabo Verde, Europa e o Céu
Com tantos shows, definir um local de residência para os irmãos tornou-se um desafio. Entre Cabo Verde, Europa e viagens de avião, estão constantemente em movimento. No sábado (28 dezembro), participaram do evento “I Love Cabo Verde”, promovido pela Sigui Sabura, na cidade da Praia. Já no dia 31 de dezembro, celebrarão a Passagem do Ano em Paris, na Kapital Club, ao lado do pai, Belo Freire, que será o cabeça de cartaz.
Raízes musicais de uma família talentosa
Naturais de Pico Freire, no município de São Salvador do Mundo, no coração da ilha de Santiago, Nelito Freire (28 anos) e Belito Freire (22 anos), conhecidos artisticamente como Titio di Belo e Kamoka, cresceram rodeados pelo ritmo do funaná. Filhos do renomado cantor e tocador de gaita Belo Freire, herdaram a paixão musical que corre na família há gerações. O avô deles era conhecido por modificar, afinar e consertar gaitas, transmitindo essa habilidade ao filho, Belo Freire. Hoje, boa parte dos tocadores de “Cotxi Pó” em Cabo Verde utilizam gaitas adaptadas por ele.
A música é uma vocação familiar. Belo Freire, que tem 17 filhos, viu muitos deles seguirem a música, incluindo Nila Freire, uma das irmãs de Titio e Kamoka. Quando questionados sobre como ingressaram na música, a resposta é sempre a mesma: “Nasci e encontrei música e gaita em casa.”
Ainda crianças, despertaram atenção pelo talento em tocar gaita. Naturalmente, o primeiro palco de Titio di Belo e Kamoka foi na Escola Secundária. Os professores, cientes dos seus dotes musicais, especialmente no funaná tocado com gaita, convidavam-nos a atuar nas festas organizadas pela escola. O resultado foi um sucesso e marcou o início de um percurso notável.
Acelerando o ritmo com o "Cotxi Pó"
O estilo musical “Cotxi Pó”, uma variação mais acelerada e frenética do funaná, ganhou força nos últimos 10 anos, especialmente na ilha de Santiago e entre as comunidades cabo-verdianas em Portugal e França. Embora inicialmente tenha causado estranhamento, o ritmo rapidamente conquistou os jovens e tornou-se presença obrigatória em eventos voltados para esse público.
Para Titio di Belo e Kamoka, o funaná não é apenas uma paixão, mas também uma fonte de renda sustentável. “Já perdi a conta de quantos shows eu e Kamoka fizemos”, confessa Titio di Belo. Além de shows, a dupla também obtém receita com plataformas digitais como YouTube e Spotify.
Um conceito familiar de sucesso
A família Freire criou um projeto especial que une Belo Freire e seus filhos em um show anual intitulado “Festa Lá Fora”. Já realizado em São Salvador do Mundo e em tour por Portugal, França e Suíça, o evento é um sucesso garantido, com ingressos sempre esgotados, “sold out!”.
O talento de Titio di Belo e Kamoka têm não apenas renovado o interesse pelo funaná, mas também a afirmação de um legado familiar.